Última tira da série sobre a comunidade Yuba que fez parte do “Circuito Sesc de Artes”, com iniciativa do Sesc Birigui.
Uma das coisas que mais me fascinou durante o processo de conhecer um pouco mais sobre a Yuba é essa relação com a arte. Uma relação não apenas contemplativa, mas de ser algo realmente fundamental para vida da própria comunidade.
O fundador, Isamu Yuba, desde o início entendeu que a arte deveria estar presente, fez um esforço para trazer artistas para morar na comunidade. Entre eles Hisao Ohara, escultor que viveu na comunidade até falecer, e sua esposa Akiko Ohara, bailarina responsável por iniciar uma fase cultural importante com a construção do Teatro Yuba. Essas apresentações levaram a arte de Yuba para vários cantos do país e até fora dele.
A arte é presente desde cedo na vida dos moradores. Instrumentos musicais, dança, coral, poesia… Fazem parte da comunidade com a mesma naturalidade que instrumentos agrícolas, o cultivo da terra e outras tarefas do dia a dia. Um lugar onde é possível ver um trator e um piano de cauda dividindo espaço no mesmo pavilhão.
A própria arte presente em Yuba acabou servindo de elemento para a construção da HQ. Nas pesquisas acabei descobrindo o trabalho da fotógrafa Lucille Kanzawa, que conheceu Yuba anda criança e decidiu registrar em livro esse olhar. “Yuba” é o resultado de sete anos de documentação fotográfica realizado na comunidade. O primeiro quadro é uma releitura de uma das fotos que achei mais impressionante, traduz em imagem muito do que senti dessa relação da arte que se mistura com a própria vida.
A parte da dança é uma menção a uma apresentação Butô de Yoshito Ohno que aconteceu em Yuba em um reencontro com Akiko Ohara. Por último, uma referência às esculturas em granito de Hisao Ohara, expostas em um jardim ao ar livre.
Foi realmente gratificante participar desse trabalho e conhecer melhor essa comunidade.
Em um mundo cada vez mais acelerado onde tudo é feito de forma prática e sem profundidade, Yuba acaba sendo uma forma de lembrar que viver é sentir, e só sente àquele que se coloca presente diante dos momentos que a vida oferece.
🙂